Icaraí de Amontada.

Você chega parecendo onda do mar que quebra na praia e lambe a areia com ternura. Tem a música que ecoa na brisa, tem gosto de sal na pele, dá vontade de tocar com a ponta da língua.

Faço uma prece no coração porque é quase sagrado o ritmo dos seus passos sob o sol de verão. Você reluz e me faz habitar um mundo moreno sem breu, sem cinza, sem qualquer coisa opaca que não brilha.

Você é bonito como cada pedrinha colorida encrustada na rocha à beira mar. Um mosaico de cor, de som, de cheiro bom. É o refúgio da ave do paraíso, o inferno dos anjos, demônios no céu.

Me afoga, me enforca com os dedos chegando à nuca, me deixando escapar o último suspiro antes de dormir. Antes de sonhar.

Me queima em brasa, me marca a ferro e me faz inteiro. Sou mais meu enquanto seu.

Todo. Em tudo. Teu.